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Fascículo Especial: Inovações na Proteção de Geradores - Parte 01
Proteção Contra Motorização (ANSI 32)
O propósito desta série de fascículos é o de apresentar as melhorias e inovações desenvolvidas recentemente nos relés digitais para proteção de geradores. Serão mostradas funções tradicionalmente aplicadas em proteção de geradores, porém com novos princípios de funcionamento e melhorias na segurança e confiabilidade, a saber: proteção contra motorização, perda de campo, falta a terra no estator e detecção de faltas entre espiras no estator e no rotor.
A figura 1 ilustra as típicas funções de proteção de geradores de grande porte.
Figura 1: Gerador e suas tradicionais funções de proteção
Os relés de proteção de geradores possuem, basicamente, três objetivos principais:
a) Proteger o gerador para faltas internas, seja entre fases, espiras de mesma fase ou faltas fase-terra; b) Proteger o gerador contra faltas que acontecem no sistema elétrico, sendo, portanto, faltas externas ao gerador; c) Proteger o sistema elétrico contra determinadas faltas no gerador.
Nas últimas décadas, poucas inovações aconteceram em relação a proteção de geradores. Mesmo com o surgimento de novas tecnologias e melhor performance dos componentes eletrônicos utilizadas nos modernos IEDs de proteção e controle, não são percebidas funções de proteção com grandes inovações. Muitas limitações que as tradicionais funções de proteção de geradores possuem continuaram sendo um desafio para os engenheiros de proteção e a filosofia das funções ainda esteve muito próxima às implementações dos antigos relés eletromecânicos.
Há um espaço considerável para o desenvolvimento de novos algoritmos que permitem o fornecimento de uma proteção mais confiável e segura durante diferentes modos de operação do sistema ou de equipamentos.
Uma característica cada vez mais comum nos modernos relés digitais é a implementação de algoritmos dinâmicos, ou seja, variar de acordo com as condições operativas do sistema ou do elemento principal sendo protegido. Tal característica combina segurança contra falsas atuações e confiabilidade para disparos em situações críticas, além do atendimento em determinadas situações de monitoramento.
Proteção contra motorização de geradores (ANSI 32)
Esta função tem o objetivo de proteger a turbina e não o gerador em si, e deve operar em caso de perda da força motriz principal, ou perda de turbina, situação na qual o gerador passa a absorver potência ativa do sistema elétrico, ao invés de fornecê-la e, portanto, passando a operar como motor síncrono. Em turbinas a vapor, a motorização ocorre quando é cortado o suprimento de vapor, causando sobreaquecimento. Nas turbinas a gás e diesel, a motorização ocorre quando o suprimento de combustível é retirado e pode provocar incêndio no óleo não queimado. Já em turbinas hidráulicas, a perda parcial ou total da água vinda pelo conduto forçado resulta na redução da potência mecânica para o gerador, causando cavitação nas pás da turbina.
A potência ativa absorvida do sistema para manter a máquina operando em velocidade síncrona na condição de motorização depende também do tipo de turbina. Normalmente são representados como um percentual da potência ativa nominal da máquina e os valores típicos são: nas turbinas a vapor entre 1 a 3%, nas turbinas hidráulicas entre 0,2 a 2%, nas turbinas a diesel entre 5 e 25% e nas turbinas a gás mais de 50%. Para detectar esta condição anormal de operação um elemento direcional de potência (ANSI 32) é aplicado olhando no sentido do gerador e o valor de pick-up é determinado de acordo com a turbina, conforme explicado acima. Em relação às temporizações, devese consultar o manual das turbinas para cada caso, observando qual o tempo máximo suportado nesta condição. É preciso também garantir que este tempo seja suficiente para que a função não atue durante uma oscilação de potência estável no sistema.
A limitação das funções tradicionais
Quando tanto a potência ativa quanto a potência reativa possuem valores baixos, ao ocorrer a perda da força motriz e motorização do gerador, a função 32 tem pouca dificuldade em medir a potência ativa reversa e, assim, opera de forma confiável. Esta é uma condição normalmente encontrada durante a parada sequencial da máquina, onde a função 32 é utilizada para garantir que toda força motriz foi retirada, permitindo o desligamento do campo e disjuntor principal do gerador sem risco de provocar sobrevelocidade. Por outro lado, pode ocorrer a motorização inadvertidamente, quando o gerador está fornecendo uma grande quantidade de potência reativa para o sistema. Nestes casos, existe uma grande dificuldade em medir a pequena potência ativa absorvida pela máquina quando ela continua fornecendo uma grande potência reativa. Qualquer erro angular associado aos transformadores de instrumentos (TPs e TCs) pode levar a perda de confiabilidade da função 32. Em grandes máquinas de usinas térmicas, por exemplo, essa potência de motorização representa um valor muito pequeno quando comparado com a sua potência nominal e, assim, dependendo das condições operativas, pode-se encontrar problemas de sensibilidade.
A solução- um novo algoritmo adaptativo
O novo algoritmo introduz uma compensação que modifica a característica de disparo da tradicional função de potência reversa que, ao invés de ser um nível de potência ativa reversa fixo de 90 graus no plano PQ, passa a incluir uma pequena inclinação, conforme ilustra a figura 2. Quanto menor a potência reativa gerada pela máquina, mais o ajuste se aproxima do valor de pick-up fixo. Para altos valores de potência reativa, o pick-up se aproxima de zero, dando maior sensibilidade para a função. Desta forma, aumenta-se a confiabilidade da função, mesmo quando a máquina estiver exportando alta potência reativa. Durante o processo de sincronização da máquina no sistema, o gerador pode ser conectado com alguma diferença entre a tensão terminal do gerador e a tensão do sistema, provocando assim um salto rápido no fluxo de potência reativa. Para evitar problemas de segurança nesta condição, o elemento 32 parte do ajuste tradicional fixo e, então, chaveia para a característica compensada após um intervalo de tempo.
Figura 2: Característica do novo elemento 32
Quando a corrente é maior do que 5% da corrente nominal do gerador por aproximadamente 60 segundos, o relé chaveia para a nova característica compensada. Em casos de baixa magnitude de corrente não há necessidade de se aplicar a característica com pensada. Esta nova característica torna o elemento 32 mais seguro na partida da máquina, evitando algum falso disparo e, ao mesmo tempo, mais confiável quando em processo de desligamento, garantindo atuação quando necessário.
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